Locus Amoenus
Acordei primeiro que o sol hoje. Pretendia estudar para minha prova de biologia, mas depois de alguns instantes vi que seria impossível. Não por não saber a matéria -espero que eu saiba,afinal-, mas o sol acanhado preenchia aos poucos o céu, dando um espetáculo digno de tomar nota.
Mas não era o sol a única estrela do show.
Lá fora, pequenas vozezinhas me chamavam.
Sem relutar meu chamado, corri para pegar minha máquina fotográfica e tentar imortalizar aquele espetáculo particular que eu estava tendo. Era de uma beleza tão grande! Fui eufórica com a sensação de estar vivendo o "Locus Amoenus" justamente hoje, no dia da árvore, e maravilhada por ter sido convidada, de última hora, pelos pássaros. "Sem ingresso".
Mas ao chegar perto daquelas criaturinhas coloridas, cessou-se o cantorio.
Fiquei esperando, com a máquina a postos, que elas recomeçassem. Mas nada. Elas haviam se calado.
Lembrei então daquele velho ditado que minha avó um dia me disse, sobre "como é esperta a mulher que conquista o homem pela barriga, ela sim tem sabedoria", e corri em direção a cozinha para pegar alguns pedaços de pão. Eles poderiam estar com fome, por isso se calaram!
Fui jogando a esmo pelo chão.
Mas não me deram atenção.
Se tornara óbvio que aquelas doces criaturinhas não me queriam ali. Estrelas egocêntricas que achavam que não era necessário cativar seus admiradores.
Foi frustrante. Eu realmente queria vê-los cantar.
Mas pior do que isso, foi olhar para o céu e ver que o sol já estava lá em cima, olhando com reprovação para mim, e dizendo que eu deveria tê-lo admirado. E não aos pássaros. Afinal, foi ele quem me convidou.. E eu simplesmente desperdicei tempo com pesso... digo, pássaros, que não almejavam minha presença.