"Em Meus Retiros"
"...E o meu canto ainda ecoa em algum canto de alguém.
Quase sem sons, apenas réstias de notas, claves de sol sob nuvens.
Contemplo-me num passado onde era possível se escutar e escrever cancões de verdade. Sem cantores de ficção ou "musicas" pré-moldadas voltadas a massificação da cultura do vazio interior.
Entre o teor poético e filosófico dos Ais e Uis, do meu querido Geraldo Azevedo e os Tchu Tcha e Tchas de hoje ha uma imensurável distancia.
Bem como há uma imensurável distancia entre um Ademir da Guia e os inexpressivos garotos dançantes do futebol de hoje.
A cultura do fácil e imediato sucesso se sobrepõe ao trabalho árduo. Onde uma mídia perversa transforma o ridículo em espetáculo que gera milhões.
Que saudade de escutar *(Rio Antigo) Chico Anísio, a paixão métrica do Lupcinio Rodrigues e de ver o chame e maestria de um Diamante Negro nos gramados.
Ah!! Meus cantos que tem saudade do que não vi ou vivi.
Como eu queria pegar um bonde chamado desejo e desembarcar em algum lugar distante.
Que me chamem de saudosista, mas isso não podem me tirar.
O sentir, o degustar e ver por um prisma de beleza que a esperança na rosa nao é um sufismo do poeta na tentativa de aproximar-se de um Deus ou Deuses e sim algo tangível no poetar da vida, que transita que numa via de mão dupla entre o desprezível e o belo..."
("Em Meus Retiros",by Carlos Ventura)