Um monólogo maçante
Muitas vezes essa coisa toda vira um monólogo maçante. Você é aquele quem machuca, você é aquele que é machucado, e o único que tenta melhorar a situação. E então, o reflexo do seu sorriso ao espelho não parece tão atraente. Você sente falta de se surpreender com uma gargalhada do outro lado do quarto vazio quando está tudo uma calamidade. E ai chega um ponto onde você conhece cada mancha do teu carpete, cada risco do teto e já inventou o máximo de figuras imagináveis com eles: A mancha de cima da minha cama parece a calda de um dragão. E muitas vezes a luminária faz sombras que ganham vida. Mas não há nada ali. Nunca houve nada. É a minha voz nos olhos deles, é o meu olhar que faz com que eles mecham as bocas, e é a minha mente quem solta às lágrimas escondidas nas sombras de casa.
Quando nem mesmo os barulhos de tarde da noite te assustam, aí sim você começa a se preocupar. Chega a um ponto onde você sente falta da calamidade. Mas o pior de tudo é perceber que só tem você ali se preocupando. Só tem você ali sentindo falta. E quando nem mesmo a calamidade costumeira sente falta de você e te larga ali no chão, você percebe que tem alguma coisa errada. Mas só você percebe. E aí volta tudo na mesma! Porque se só você percebe, só você tenta melhorar, e só você consegue piorar tudo.