Ana tinha fé o suficiente para crer no criador do céu e da Terra. Cria numa força capaz de mudar o caminho de todo aquele que Nele confiasse. O nome dessa energia/espírito para ela era Deus.

Essas verdades foram registradas em sua mente desde muito cedo. Não houve um só minuto  em que não o sentisse em cada detalhe de sua essência.

Numa noite, porém, percebeu haver cumprido exatamente o papel pelo qual havia nascido para desempenhar. Ana havia acabado conhecer o amor de uma mulher.

Confusa deu-lhe um sorriso caminhando para o banho. Ligou o chuveiro e chorou...

Era como se Deus houvesse virado seu rosto deixando-a sozinha. Completamente abandonada à sorte. Algo parecia quebrar-se dentro daquele corpo. Difícil definir dor e alegria misturados num só momento. 

Entretanto, Ele não a havia deixado. Sua dor eram conceitos novos sendo trazidos lentamente a existência quebrando todos os paradigmas construídos por Ana durante todo percurso de sua vivência.

Não importa se o pastor não entende. Mesmo que te julguem e condenem sua fé permanecerá. Acredite nisso.

A força nasce na fraqueza. A vontade de viver da resistência à infelicidade. Por mais profunda que seja sua dor as coisas vão melhorar.

Ana percebeu isso quando parou de culpar-se, afinal, Deus não poderia ser tudo o que lhe disseram na igreja: ditador, sádico e manipulador. Sempre a espera de um mortal pecador para castigar.

Nenhum artista esculpe uma escultura para depois jogá-la no lixo.