Mogicultura
Muita gente se queixa do facto de Mogi das Cruzes não apresentar alternativas viáveis à criação, sustentação e disseminação de polos culturais em diferentes áreas, sejam eles; redutos para exposições, cinemas, teatros, centro cultural, locais de tertúlia, espaços culturais, museus, etc, etc. Já que existem na cidade inúmeros artistas e alguns com uma certa projeção e renome, porque será?! Somente por falta de vontade política ou haverá outros fatores impeditivos a esse crescimento, quando se fala em segmentos artísticos e recreativos? Do ponto de vista da necessidade dos artistas, tive a oportunidade de participar de algumas reuniões que tentaram viabilizar alguns projetos nesse sentido. Infelizmente, a maior parte dessas tentativas não passaram de discussões acirradas e com muito pouco sentido objetivo. Como se as pessoas denotassem algum nervosismo e não tivessem ainda "amadurecido" para esses propósitos. Notei uma falta absoluta de know-how, uma boa dose de aflição constatada pelos artistas e uma enorme necessidade de achar uma tábua de salvação, a todo o custo. Como se alguém estivesse forçando um processo natural e legítimo, de uma cidade que tem os seus hábitos próprios e não abdica dos seus usos e costumes. Talvez seja pertinente realçar o facto de Mogi das Cruzes ser ainda uma cidade destinada e preparada somente para as suas festas de calendário mais tradicional, de âmbito religioso, agrícola e afins. Será que é legítimo esperar grandes realizações, em áreas que ainda não surgiram (e talvez nem surjam) e que não fazem parte de um contexto aguardado pelos seus habitantes? Não será forçar um pouco a realidade dessas pessoas? Seria ótimo para os artistas, sem dúvida e para um grupo restrito de pessoas, talvez. Mas seria um golpe violento e seco na mentalidade de um povo, que parece se bastar e se regozijar com uma cidade que teima em assegurar a continuidade dos seus valores mais tradicionais.