Deus
Deus não é insistente no amor
Nem quer que sejamos.
Não leva nada do que somos
Mesmo que consintamos.
Não usa o poder
De se fazer igual a nós
Confundindo... roubando-nos.
Esse poder ele cede aos humanos
Que se fazem deuses profanos.
Não exige de nós fé
Ele próprio é.
Há tanta sutileza em sua manifestação
Suspira conosco em cada nova redenção.
Há quem acredite que Ele
Exige sempre correção.
Lança sobre nós o sofrimento
E mostra quem manda na situação.
Creio que mesmo sendo Deus
Se entristeça de tal concepção.
Seria Ele nosso feitiço
Nosso eterno enguiço?
Ou a alavanca... o que destranca.
Cobramos a perfeição
Que por permissão não temos.
Lançamos nosso olhar acusador
Transferindo nossa miserabilidade
E não nos rendemos.
Mas quem disse que Ele quer rendição
Ou qualquer coisa que se pareça com omissão?
Parece tudo tão paradoxal.
Não está nos encantos
Nas mansões
Nas riquezas
Nas ilusões.
Está nos sonhos
Nas vibrações
Na energia
Em nossa simetria.
Não está na liberdade
Alheia a verdade.
Nem mão que pouco semeia.
Está no sangue
Nas veias.
Em nosso DNA
Em tudo será.
Também está nos porões
Nas teias... nas bifurcações
Onde não há janelas
Onde a luz anela.
Está nas sentenças matemáticas
Elevadas a zero
Se fazendo um.
Está aqui agora
Nesse amor que... aflora.