Precisar...
Precisar é um verbo de denotação muito forte, sem parar para pensar em sua semântica, acabamos por usá-lo à revelia. Como definir nossas necessidades? Como saber o que é capricho, o que nos faz bem, o que é necessário? Ser necessário é um fator positivo ou aprisionador? Somos reféns de nossas necessidades (a biologia que o diga!). Canso de dizer em meus textos que o amor não passa pela lógica da utilidade, mas tenho a feia mania de dizer que preciso das pessoas que amo... Por que fazer tal afirmação? Não é verdade, mas também não é mentira! Gosto quando Mario Quintana diz que "Com o tempo, você vai percebendo que, para ser feliz com uma outra pessoa você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela... " Precisar de alguém é ter uma expectativa desleal! É uma cobrança desonesta! Somos livres e sozinhos, a solidão é nosso destino! Não falo da solidão que assombra, romantizada e dramática, falo da solidão que Sartre atrelava à liberdade. Estamos sozinhos na medida em que somos livres e livres de tal maneira que sequer da liberdade podemos abrir mão. O filósofo afirma que se nos sentimos sós quando estamos sozinhos é porque estamos em má companhia; volto então a Mario Quintana, o amor próprio é imprescindível para o amor a dois... ou a três..., para todas as formas de amor! É preciso, antes, nos amar primeiro, ser feliz com nós mesmos, resolver nossos problemas conosco para só depois, então, nos aventurarmos em direção ao outro.