Palavras
A ventania era forte…
Majestosa floresta reverenciando a brisa. Dia nublado abraçando os átomos. O ruído do vento deixava os bichos das florestas com um olhar aceso, por onde ecoava a chama das tuas palavras?
Caminhavas...
Por onde andavas?
Palavras que se espalham por entre os átomos. O som se propaga...
Pude sentir as tuas palavras, que me afagam, que marcam feito o som das cachoeiras, este que não altera os seus acordes ao longo do tempo. É um som peculiar que aplaca o calor dos seixos.
As tuas palavras ecoavam em minha mente. Sentia-te fortemente.
A saudade foi amenizada, diante do olhar aceso da lua e da chuva fina que tocava na minha face, sem a visão romanceada de Shakespeare e sem atribuir àquele instante a entrega do olhar das deusas gregas, as quais te fascinam, me beijaste. Por segundos os átomos nos abraçam.
Os bichos das florestas sem dúvida adormeciam ou se amedrontavam na noite em que o ruído do vento não adormecia.
Mas, por onde andavas?
Já te olhando, te olhando percebi o trajeto do teu sentimento passear em meu íntimo e, diante do teu aceso olhar, a saudade foi contida. Entendi que o sentimento aflora e cresce, igualando-se a uma floresta a ser explorada, mesmo que não profiras nenhuma palavra.