A poesia chega até mim
Como microfissuras na janela
De dentro do vidro
Sou presa do instituído
Um animal desconfortável
Procurando constantemente saída
Prestes a gritar!
Mas quando ultrapasso as amarras
Da geometria quadrangular
E lanço um olhar
Para a existência lá fora
Tudo se põe a dançar
Tudo faz sentido
E já não sei mais
Se estou aqui
Ou se estou lá
Não faço parte deste mundo
Das formalidades absurdas
Desse falso viver!
Maléfico ao sonhar
Sou mais
A espontaneidade do beija-flor
Ou daquele devir delicado
Entre a pétala e o luar
E o que importa?
Se esse sociedade insana
Entende que destruir é amar
E ainda nos designamos sapiens sapiens
Do pedestal de uma ciência caduca
Da soberba de um pensar
Somos meros grãos na infinita duna
Um farelo cósmico
Nos confins da Via- Láctea
Chamado planeta Terra
Que em sua Majestade azul
Abriga a fera humana
E ainda persiste em amá-la
                      ACCO

Foca
Enviado por Foca em 28/08/2012
Código do texto: T3853685
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