Você rasgou minhas cartas e amassou os meus poemas. Vou entender se fizer o mesmo com a nossa história, alias eu sempre fui a protagonista errada para ela.

Vasculharam o teu lixo e lá estava todas minhas cartas do capítulo um ao cem. Jogou fora, não deu valor a nenhuma, desaceitou nossos sonhos, planos que custei a escrever, negou meus suspiros e cada olhar transbordado de afeto. Renunciou minhas palavras e amassou todos meus poemas, descartou o nosso script, aquele do envolelope azulado, não quis lê-lo e muito menos decora-lo. Nosso amor foi parar no lixo, nossas risadas viraram sons distantes, e nossos beijos que acabaram, viraram mentiras, nada que me inspire mais. Tudo pelo seu orgulho besta, que não te deixar ser mais meu. Você fugiu do roteiro ensaiado, ou talvez eu tenha sido idiota de ter acrescentando meu nome à ele, nós eramos os personagens principais e esse não era o fim. Não seguimos nenhuma linha daquelas cartas, esquecemos de toda sipnose, e deixamos de lado a atuação, ou talvez eu tenha feito tudo errado, escrevi uma história na qual eu não era uma dos personagens, fui dublê da mocinha apaixonada todo esse tempo e só agora vim a perceber. Você é o galã do filme e eu realmente cheguei a acreditar de que iria atuar ao seu lado, mas, não e novamente não. As cenas foram mal filmadas, e o figurino todo desmoronou. Nossas falas já não combinam, você mudou demais, tua mão já não se encaixa à minha, e teus lábios não procuram mais os meus. Nossa trilha sonora foi escolhida errada e hoje o que restaram foram lágrimas e saudades de como tudo poderia sido diferente. Na parte final ninguém espera que o filme acabe mal, mais foi tudo destruído, arruinado, e nada mais restou. Além das lembranças você se esqueceu de quebrar o disco na vitrola, a caneca com nossos nomes gravados que me deu no nosso aniversário de oito meses, e nosso porta-retratos ainda permanece intacto. O que era para ser um filme de amor hoje é comparado com um de terror. Não consigo entender sua interpretação forjada, suas promessas lançadas ao vento, simplesmente por prometer e mais nada. Você nunca levou nada a sério, nem ao menos nossas brigas e conflitos. Já eu te procurava em cada canto, em cada esquina, em cada lugar. Não te negava nada, você nunca me ouviu lhe dizer não. As unhas eu sempre pintei de rosa clarinho porque, como você dizia, vermelho é cor de puta. Nas festas eu sempre evitava o riso, pois você sempre dizia que o meu sorriso era melhor junto ao seu, por isso eu o guardava apenas para os nossos momentos. Quando minhas opiniões eram diferentes das suas eu as deixava em silêncio. Eu não esqueço dos nossos domingo juntos, nem das segundas e terças-feira. Eu não esqueço nem mesmo do nosso primeiro encontro, foi na rua dezesseis, perto do centro. No primeiro dia, conversamos sobre apesares, te dei conselhos sobre a vida e você me disse que adorava garotas inteligentes. No dia seguinte, caprichei no visual e você me disse que eu estava linda. No terceiro dia, você pegou na minha mão e disse que eu estava mais bonita ainda. Eu não deixei minha mão ficar entre as sua por medo de me iludir. Naquela noite, eu não dormi. A noite inteira foi só você nos meus pensamentos. Os comerciais entraram, demos um intervalo, e como eu queria que nosso filme voltasse a filmar, mas, alguma coisa ainda está dando errado. Seria problemas de sintonia? Seria aquele, o nosso filme, ser um filme pirata? As cores estavam esverdeadas (pelo ciúme), a imagem estava embaçada (pela dor), cheia de chuviscos (de lágrimas). Você se despediu de todas nossas noites juntos, de todas nossas juras de amor e daquele dia em diante não conseguiu mais ver o nosso filme com nitidez. Já me olhei trezentas vezes ao espelho e todas as vezes em que olhava meus olhos estavam cada vez mais inchados e cansados de tantas lágrimas. Só não estão mais cansados quanto à mim de te amar uma ou duas vezes por semana, de te amar até as dez e trinta e cinco e depois te ver ir embora. Cansei simplesmente de te esperar por mais cinco minutos e se esses cinco minutos seus forem uma vida toda? se eu te esperar por todo esse tempo, talvez quando voltar me encontrara com uma camisa de força. Sufocada com minha própria loucura de te amar, enquanto você poderia me entrelaçar no seu corpo para que duas forças loucas tragam algum equilíbrio. Esse texto não é para massagear teu ego ou fazer teu coração ir à mil, pelo contrário, fazer ele desacelerar. Quero que leia esse texto, olhe para este envelope azulado e se lembre nem que seja por cinco segundos, mas, se lembre de todos nossos momentos e nunca se esqueça eu fui tua até enquanto eu pude.

— Você jogou nosso script no lixo, ao perceber que meu nome não combinou com o seu, no roteiro. Se despediu da nossa história e não quis mais gravar as cenas do nosso filme, aquele filme de amor, que hoje para mim se tornou um de terror. Arranje outra protagonista melhor para sua história eu dei o meu melhor, mas, o meu melhor nunca lhe agradou.

Rayene
Enviado por Rayene em 24/08/2012
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