Miseravel

Ai esta, ai esta minha madrugada, minha realidade;

Ai esta tudo que tenho, tudo que consegui sozinho;

Ai esta o lixo, a tristeza, o desespero e a desolação de uma vida vazia, sem sucesso algum, sem orgulho algum, sem amor algum, apenas cinzas do que já foi bom e queimou, queimou unicamente para nutrir tudo o que me faz mal agora.

Do que adiantou tudo? Do que adiantou tentar ser bom? Do que adiantou mudar e mudar e me adaptar e me enquadrar? Do que adiantou chorar, buscar, rezar, clamar?

Por que insisto? Por que não desisto de viver, ou de pensar, ou de amar, ou de me importar?

Não sei mais por que me manter digno, não sei por que mais falar a palavra honra que bradei sempre, não vejo a luz, a fé, não me acho mais humano, não me acho vivo, não vejo nada alem de pecados em mim. Eu não tenho onde me segurar, onde pisar se nem no chão posso confiar.

Quem esperar? Alguém vai algum dia se importar comigo? Vai perder tempo para me salvar?

Não creio mais, não espero mais...

Eu nasci, vivi, viverei e morrerei comigo mesmo apenas. Enquanto por agora nessa mesma solidão tenho minha bebida, acendo um incenso com cheiro de lua, e contemplo a falta que minha alma faz ao corpo, pedindo por misericórdia, pedindo por um fim.