Pasto da própria carne
O que é o Homem senão amigo da Mentira,
o que é o Homem senão um poço de injustiça,
uma fraude que até do amor se vinga,
uma lâmpada que se acende apenas para a cobiça.
O que fizestes do teu corpo?
Tens o entregado às mansões dos espíritos imundos.
O que é o Homem senão um vaso inflado de jactância,
arrogante até ao ponto de querer submeter seu Criador.
Tens inflamada em si uma essência covarde,
que só luta com quem não quer vencer...
Porque tens querido achar o melhor lugar ao pódio,
tens estado afoito por ultrapassar seus semelhantes
em tudo,
e fostes feito apenas para amar.
Senão amar...
Quer subjugar teu próximo,
com uma coleira de infâmias,
calunia até a própria alma quando mentes que tens compaixão!
Pobre sois ó Homem!
Infectado das vestes purulentas do desejo!
O que é o Homem senão pasto da própria carne,
pois sua alma é pisada constantemente,
e no fim moída entregue às Feras!
O Homem ansiou ser advogado de si mesmo,
criando leis.
Leis essas que discriminam o próprio direito!
Leis que fornicam em favor do dinheiro!
Leis que autorizam o massacre do oprimido!
O que é o Homem senão uma interrogação,
que com astúcia planeja ser uma exclamação,
e não reconhece que é apenas um ponto final.