Dois pra lá, dois pra cá.

É irritante como eu deixo o tempo passar. Como eu vejo os dias se arrastando, esperando um sorriso, uma sensação boa. O jeito que viro alvo fácil quando nós estamos onde podemos ser nós mesmos. Tanto já se foi dito, tanto já se foi visto, provado, deixado pra trás... Não importa o quanto pareça impossível. É irritante como me sinto fora de mim, cansado, até mesmo pra escrever, e o quanto me sinto vivo, forte, quando arranjo em mim motivos pra trazer felicidade pra nós dois. Mas quem sabe escrevendo consigo dizer alguma coisa que nunca consegui ao falar. Sempre que vou até você, não sinto o perigo. Nunca me preocupo, e nunca vou me preocupar , com o jeito que fico sempre que estamos separados e eu vejo a sua vida acontecer, e só eu sei o quanto eu queria ter a chance de dar um pouco de mim pra completar essa vida.

Mas aí o tempo passa. Vem essa realidade suja, até irreal. Afinal, me recuso a acreditar que é isso que há pra nós. Me recuso a acreditar que somos só o grande sonho jogado no lixo, as chances perdidas ou o coração esmagado ao ver fotos de sorrisos que nem parecem ser seus. Me perco no meio dessa angústia, como se aquilo que eu mais cuidasse na vida nunca fosse realmente poder cuidar de mim, nas tão raras vezes que admito que preciso.

Sabe... o problema é que quanto mais eu me perco, mais você me ganha. Sempre, sempre, sempre termino acreditando de novo. Eu sou assim, e é assim que eu tenho sido. O tempo passa e eu vou sentindo que cada dia mais eu me afasto dessa crença, mas de repente, uma luz aparece e me faz acreditar ainda mais do que antes. Essa luz que eu tanto espero, que vivo cada segundo com aquelas batidas rápidas do coração, como se fosse adivinhar quando a luz vem... mas ela sempre me surpreende.

Estamos cansados. Cansados de dor, cansados de sofrer, cansados de mentir, de justificar. Cansados de não existir. Cansados dessa sensação sufocante, como se a única solução fosse sumir do mundo, quando o que realmente quero é aparecer para o mundo que você chama de seu. Mas, sabe... eu nunca vou estar cansado demais pra cuidar de você.

Vivemos carregando um pouco do outro. Levo comigo tudo que você me ensinou, e deixei contigo tudo aquilo de bom que você despertou em mim. Vivemos numa dança, onde nenhum segue sozinho, nenhum toma seu lugar ao lado do outro, e mesmo distantes, somos sempre dois. Carregamos tanto um do outro que já não cabemos mais em nós mesmos, e somos muito mais do que um. Nós já falamos demais, e cê não faz ideia do quanto eu queria simplesmente poder ser quem sou, te ter do meu lado e te chamar pra dançar.

Dois pra lá e dois pra cá, como na dança que eu tanto guardo pra você.

felipemartins
Enviado por felipemartins em 16/08/2012
Reeditado em 16/08/2012
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