DISPENSO ESSA TUA FUTILIDADE...

Dispenso essa tua futilidade; porque se realmente me fosse boa... eu mesmo já seria fútil há muito tempo. Mas, cá entre nós, dispenso a futilidade mas te admiro, e admiro porque definitivamente consegue carregá-la de uma forma suprema, praticamente impregnada dentro da alma. Não que o fútil seja desinteressante; até acho que muito desse teu fútil tem realmente sentido, leva um pouco de alter ego, de prazer, de poder e egocentrismo. Todavia, desinteresso-me pelo teu fútil porque não tenho nele qualquer valor agregado, qualquer engrandecimento ou aproveitamento prático. De fato, gosto cristalinamente das coisas úteis... eu gosto de alma, da leveza do espirito, da abstração do que é racional e concreto. Também gosto de cheiro, de pele e de corpo inteiro. Gosto de risadas, de sorrisos, de histórias (boas e más) realmente bem contadas. Não me apego aos seus dogmas fantasiosos e nem a essa materialidade soletradamente álgida. Porque um dia o maior castelo desmorona; porque um dia a melhor casa se desmancha. É certo que os diamantes são eternos mas a vida se vai numa fração de segundos e jamais conseguirá mantê-los pela eternidade. Então, definitivamente, lembre-se que te admiro mas, na mesma proporção, dispenso essa tua futilidade de viver como propagandas de revistas; dispenso esse salto de cristal porque, para andar pela minha praia e por muitos dos meus caminhos, é necessário manter os pés descalços, sujos na areia.