Menino bom é Menino

O menino era bom, mas também não era nada santo. Sabe como é, vivia cercado acerca de nada, trancado por sua rotina. Não enxergava além da margem, nem observada o movimento natural do pensamento. É natural mãe, ele não pensou, agora espera que saia como um exemplo de ética, enquanto comia enlatado sentado na frente da televisão, não foi criança, não pode ser homem. O menino gostava de brincar com os amigos, todavia tinha horário até para se pentear, o menino gostava de dizer não, mas a cada negação um castigo, uma sentença, um caminho, um fardo, sua obrigação.

Então o menino aprendeu a não se expor, e ficou esperando que as respostas lhe chegassem como divino. Mas divino não se vende, divino se alcança. Então o menino olhou de novo e o que viu nos seus amigos pequenos homens/meninos travestidos de gente grande, mas gente grande o menino não é, pensou de novo, e então viu, pela primeira vez, que todos os seus amigos não sabiam o que era ser menino. Então, como criança que é, entendeu que não precisava de mais que um pensamento, um sentimento. Compreendeu... Era ele, nada além dele.

Aquele moleque dá trabalho Dona Ana, ele não aceita tudo que eu digo. O que eu faço com aquela peste, sento o pau de arara ou lhe aplico logo uma suspensão? Trabalho de casa pra não ficar pensando besteira e tasca logo de pensar em ficar brincando na rua, que senão dá muita asa e quer voar, menino bom é na cocheira, que só pensa em estudar e nada de besteira, dona Ana, esse menino não teve educação, boca suja, não sabe que pra adulto não se diz não.