Eu vi o mundo...
Eu vi o mundo...
Mas não, ele não começava no Recife.
O mundo era o Recife... O mundo era aquela cidade, seus arredores, suas ruas tão familiares, suas pessoas aceleradas, as calçadas sujas, o trânsito infernal, os rios, o cheiro de maresia, o ar abafado, o mormaço, o mar.
Eu vi o mundo...
Vi uma imensidão, vi o inferno e o paraíso, casa e desolação, eu vi amor, vi meu coração partido, lágrimas, lembranças, abraços, amores, minha vontade de ir embora, minha fuga, o arrependimento, a vontade de voltar...
Eu vi o mundo...
Quando fechei meus olhos, quando deitei minha cabeça cansada, quando ceguei minha vista diante dos meus alfarrábios, artigos, dissertações, teses e intermináveis termos acadêmicos. Eu vi, com minhas pálpebras pesadas, meus olhos ardidos...
E então eu quis voltar. Eu quis fugir de novo. Mas não haveria paz na fuga. Não haveria paz na minha medonha cabeça perturbada com a sensação de ter deixado tudo incompleto. Havia paz na minha solidão, havia paz na bandeira de Pernambuco pendurada na porta do meu quarto, no meu violão silencioso, na janela entreaberta.
Eu percebi então... Carrego Recife pra onde eu vou. Saí da cidade, mas a cidade não sai de mim.