POR UMA DESRAZÃO QUE LIBERTA

A desrazão, ao contrário do que pensa o senso comum, não é a configuração do que, comumente chama-se loucura. A concepção desse estado de "anormalidade" baseia-se numa construção, histórica, de se colocar aquilo que foge, ou que poderia ser a demonstração de uma sociedade anômica, aos preceitos convencionados.

A desrazão, nessa perspectiva, nada mais era que um abotamento da razão, cuja expressão mais evidente, era o sujeito falar coisas estranhas à maioria. Em oposição a essa construção histórica, vemos em Foucault, a denúncia dessa arquitetura com o único objetivo de colocar o sujeito sob controle. Essa rede de conhecimento que se estabelece, dentre outras, prenúncia outro mecanismo: que saber é poder. Então, considerando que saber é poder, pode-se acrescentar, que se saber é poder, na base foucaltiana, na medida em que esse saber objetiva controlar, classificar, determinar para uma certa dominação; livrar-se desse saber significa libertar-se. Por fim, essa desrazão, a meu ver, nada mais é do que abrir mão da razão voltada para imposição e ou subjugação do outro. É isso.