QUE ME PERDOEM...


Que me perdoem os leitores,
mas as vulgaridades me deixam horrorizada.
Fotos de exibição do corpo na internet.
A tal sertaneja universitária ou coisa parecida.
Os funks, baladas, e por aí vão...
os amores esdrúxulos baseados na fotogenia,
o quinhão da existência passada na tela,
em explosões de sexo virtual em nostalgia
da vida real.

Que me perdoem
por abominar o mundo das aparências,
das glórias efêmeras,
da camuflagem dos sentimentos,
do que é vulgar e é enaltecido
no século XXI - o século dos corrompidos.

Que me perdoem por gostar de jardins,
de flores, animais, de Haendel, de Bach,
de livros antigos, de Lorca, Cecília,
de passeios ao luar,
de achar que nenhum ser humano
pode viver virtualmente
numa dualidade de continente e ilha.

Sou uma neurótica consciente,
uma bruxa ranzinza e paranóica
que escreve poemas que ninguém entende,
que muitas vezes quer desaparecer
da face da terra
para ir tentar viver em outro lugar
onde nunca haja inúteis esperas
e que possamos das dores nos deletar.

Estou seriamente doente e cansada dos vilanismos,
dos ismos de todo dia,
dessa coisa fétida que se chama vaidade,
dessa coisa podre que se chama mentira

estou escrevendo por necessidade
de deletar de mim mesma
qualquer sombra de hipocrisia.

Não sou a perfeição. Sou selvagem e louca.
Mas de dou o direito de não gostar,
de dizer não mais aceito
tanta mentira, tanta crueldade
tanto engôdo, tantas máscaras
sob o teto de Deus.

Um direito meu.



(Foto: Super beautiful photos-fb)