A INVENÇÃO DA RODA QUADRADA

E assim o homem(des)inventou a vida. Desmanchou os nós entrelaçados entre seu desdém pelo outro e pelo cotidiano. Tentou refazer os elos, conectá-los.
Para driblar o tédio e estimular o cansaço tentou ser mais ágil.
A hipertensão seria indício de sensibilidade e virilidade.
A vida sem sal não teria sentido. O sal da terra, o sal da testa, sinônimo de paladar, de essência, de gozo.
O tédio partiu da ausência palatável de sódio, converteu-se em angústia e teve o impacto mais acentuado na roda quadrada.
A roda quadrada não conduziu a quase nenhum lugar. A roda dentada o feriu. A roda circular não existia porque o mundo era quadrado: o homem era quadrado.
Prisioneiro da ignorância teve que arrombar os muros intransponíveis do cárcere com a própria cabeça.
Só aí descobriu a circunferencidade da caixa craniana: aí concebeu a roda.

Joel de Sá
Enviado por Joel de Sá em 11/08/2012
Reeditado em 11/08/2012
Código do texto: T3824857
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.