Despedida
Não me procures em mim
Não me encontrarás aqui
Pois há muito não me pertenço
E há muito me perdi em meus pensamentos
Já não moro mais em mim
E em mim não mais existo
Pois há muito não me basto
E há muito para mim, me falto
Me esqueci em algum canto do que um dia fui
Me abandonei em alguma viela do meu coração
Usei minhas mãos num adeus solitário
E de mim, tristemente, fui me despedindo
Não derramei uma lágrima sequer por mim
Ao contrário, sorri ao me ver saindo
Talvez eu tenha partido por não conseguir ser
o que sempre desejei
Talvez eu tenha partido por não ter sido capaz de me fazer feliz
Como julguei merecer
Talvez...
O que sei dizer é que nada restou de mim, em mim
Nenhuma flor em mim, nasceu
Nenhum amor em mim, viveu
Nenhum poema em mim, me escreveu
Nada que pudesse me fazer ficar em mim
Nada...
Sigo me agarrando em olhares e sorrisos que me lançam
Em braços e abraços que me negam
Em bocas caladas...
Sigo como se não tivesse existido nem mesmo para mim.