Despedida

Não me procures em mim

Não me encontrarás aqui

Pois há muito não me pertenço

E há muito me perdi em meus pensamentos

Já não moro mais em mim

E em mim não mais existo

Pois há muito não me basto

E há muito para mim, me falto

Me esqueci em algum canto do que um dia fui

Me abandonei em alguma viela do meu coração

Usei minhas mãos num adeus solitário

E de mim, tristemente, fui me despedindo

Não derramei uma lágrima sequer por mim

Ao contrário, sorri ao me ver saindo

Talvez eu tenha partido por não conseguir ser

o que sempre desejei

Talvez eu tenha partido por não ter sido capaz de me fazer feliz

Como julguei merecer

Talvez...

O que sei dizer é que nada restou de mim, em mim

Nenhuma flor em mim, nasceu

Nenhum amor em mim, viveu

Nenhum poema em mim, me escreveu

Nada que pudesse me fazer ficar em mim

Nada...

Sigo me agarrando em olhares e sorrisos que me lançam

Em braços e abraços que me negam

Em bocas caladas...

Sigo como se não tivesse existido nem mesmo para mim.

O Palhaço e o Poeta
Enviado por O Palhaço e o Poeta em 06/08/2012
Reeditado em 06/08/2012
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