Religião e religiosidade
Recebi recentemente um e-mail referindo-se a um episódio ocorrido na Páscoa de 2010, em que alguns jogadores do Santos F.C. teriam se recusado a descer do ônibus para entregar ovos de Páscoa aos internos de uma instituição de caridade portadores de paralisia cerebral.
Detalhe: a referida instituição, lá mesmo, de Santos, é mantida por uma Casa Espírita.
Diz textualmente o e-mail: (trecho)
"Visivelmente constrangido, o técnico Dorival Jr. tentou convencer o grupo a participar da ação de caridade. Posteriormente, o Santos informou que os jogadores não entraram no local simplesmente porque não quiseram. Dentro da instituição, os outros jogadores participaram da doação dos 600 ovos, entre eles, Felipe (22a), Edu Dracena (29a), Arouca (23a), Pará (24a) e Wesley (22a), que conversaram e brincaram com as crianças."
Diante disso, informa ainda o e-mail, que "o escritor, conferencista e Pastor (com "P" maiúsculo) ED RENÉ KIVITZ, da Igreja Batista de Água Branca", teria discorrido sobre o assunto e, realmente, foi uma bela fala.
Isso me "inspirou" a também dar o meu pitaco na questão, e eis abaixo a resposta que enviei ao emissário do e-mail:
Eu sempre digo a quem quer ouvir: A RELIGIÃO SEPARA AS PESSOAS.
Quanto ao discurso do pastor, seria perfeito tirando o início: "Os meninos da Vila pisaram na bola. Mas prefiro sair em sua defesa. Eles não erraram sozinhos. Fizeram a cabeça deles."
Eu prefiro não julgar ninguém, deixar isso para quem sabe tudo, ou seja, Deus.
Para mim, fazer caridade é um ato espontâneo e a pessoa pode - e deve - fazer no dia-a-dia, não precisa esperar datas comemorativas.
Ninguém deveria ser constrangido a praticar uma "caridade" forçada só para sair bem na foto.
Caridade faz quem está preparado espiritualmente para isso, quem entende o que ela é verdadeiramente. E faz onde e quando acha que deve fazer, sem constrangimentos, sem coerção.
O ser verdadeiramente religioso é livre, não gosta de ser coagido a nada, assim como respeita a liberdade alheia.