GUARIDA DE PAZ
Debruçada na escrivaninha rabiscando... Logo aparece no papel amassado o desenho de um por do sol borrado.
No reflexo de vidro da porta, vejo reflexos de olhos amendoados suavemente soluçados.
Tantos são os pensamentos, questões que parecem não ter explicações, nem saídas.
Os olhos se fecham e a alma voa. Voa a procura de um refúgio que não aparece, um espaço de descanso, de quietude para a alma, um acalento autêntico, com tempo e espaço para serenos dias perfeitos.
As asas batem com efeitos e voa cada vez mais alto, ao ponto de sentir o desvelo do vento, a leveza da atmosfera, a doçura do universo disperso, a divindade da natureza, a energia das estrelas, a fragrância da singeleza da existência e a graça da inocência em dispersar-se como um pássaro no céu.
Do céu observa todos os cantos do planeta terra e procura o penhor do pouso sublime, busca a calma sonhada, o aconchego dos braços do carinho infinito...
A desesperança quer aproximar, mas não é forte o suficiente para dominar.
O silencio volta a gritar e interroga sobre as trilhas do caminhar. Momento que a escuridão invade e intimida o coração.
De lá de cima avista-se um grande vácuo no tempo de vidas, espaço entre vidas tão próximas, vidas preciosas que percorrem na terra. Será que dentro de um vácuo pode existir vida? Ou será que dentro de um vácuo existi vidas que não vive? Que complexidade! Porque o que é viver para uma pessoa pode não ser para outra...
O voo de pensamentos continua na imensidão sem solução, no mais irrestrito silêncio, todavia com um coração escorrendo murmúrios por guarida. Guarida de paz.