Solitários Momentos
E aqueles momentos em que nos olhamos no espelho e nada podemos ver além do reflexo de uma pessoa confusa? Alguém que se perdeu no tempo, no meio do caminho. E já não sabe se volta ao começo ou se vai até o final. E depois de tantas apostas, tantos riscos corridos; até que ponto valeria a pena continuar; e sem saber o que viria junto ao eventual regresso. O que estaria disposto a abdicar, a perder. Naquela hora em que o medo da decepção fala mais alto do que o gosto de uma conquista. De uma surpresa. Do prazer de uma boa companhia. Quando algo de ruim acontece, parece que nada mais vai ser capaz de resgatar os sonhos que nos acompanhavam antes do ocorrido. Parece que tudo desmorona. E é nessa hora que a vontade de desistir, de esquecer, de sumir; fala mais alto. Quando abrimos mão da coragem e passamos a ver os fantasmas trazidos pelo medo. Aquele mesmo medo que sentíamos ainda pequenos. Quando bastava chamar por alguém mais velho, que acendesse a luz, nos abraçasse e dissesse que estava ali conosco. O mais triste é quando constatamos que não somos mais aquela criança medrosa. Quando vemos que temos que encarar de frente o que quer que seja. E deixar que o desconhecido chegue. Para decepcionar, para surpreender; enfim, para nos fazer crescer. E abrir os olhos à realidade. Dura, nua, crua, traiçoeira; mas que não deixa de ser a única verdade que naquele momento podemos nos apegar...