precipícios de frases interminadas

Eu viro o rosto rápido pra não pegar detalhes. Ou simplesmente mergulho pra dentro do peito com a intenção de nunca mais sair. No escuro o medo é de bicho. De tarde é do tempo. De dia é de gente. O excesso sufoca, a falta enlouquece. Eu sou louca. Espaço fundo não sei de quê. E olheiras de tanto contar estrelas. De contar passos. Mais um, mais um e vamos indo. Mas não sei pra onde vou. Indo mais pra cima do universo quem sabe. Onde eu não preciso de pés porque não existe chão. Indo mais pra cima do arco-íris. Onde eu sou todas as sete cores. Eu vou pra perto da imensidão. Ou simplesmente me engano. Caminho em círculos. Em declínio, em parábola, em queda. Pulmões cheios e continuo sem fôlego. O meu principal paradoxo é ser feliz. Mas eu sou feliz. E irreal. Sonho de quem nunca acorda é realidade. Por isso que nunca abri os olhos.

Beatriz Adrivin
Enviado por Beatriz Adrivin em 05/08/2012
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