Ana Liszt de verdade:
Sou egoísta;
Prefiro mais meu notebook a seres humanos, pois esses têm a capacidade infinita de decepcionar;
Detesto tomar água no mesmo copo e compartilhar saliva;
Aperto de mão engordurado por resto de comida acaba com o meu dia;
Homens que usam a chave do carro para coçar a orelha deviam morar na selva;
Ouvir histórias muito demoradas me irrita;
Falar no celular é pior que o purgatório não me telefone;
Sou intolerante para música sertaneja;
Reajo a críticas de modo ruim e perco o controle, não sou suficientemente evoluída;
Ficar em lugares cheios de gente me incomoda, prefiro meu quarto e meu mundo, afinal sou egoísta não é?
Acabo ferindo quem amo;
Tenho dificuldade em fazer que pessoas especiais entendam o quanto são especiais para mim;
Fico deprimida por bobeira;
Não sou segura como demonstro na maioria das vezes;
Construo muros, amo, sofro e continuo teimando;
Já pesquisei sobre bombas caseiras por causa dos meus vizinhos pagodeiros, nada me irrita mais do que ser obrigada a ouvir a música dos outros;
Enxaqueca me deixa com o humor do cão;
Se não quiser ouvir a verdade não me faça perguntas sobre sua vida;
Falar comigo quando tenho fome pode ser pior que enfrentar um serial killer.
O ser humano é assim, dual. Mas, como podemos escrever poesias que afloram sensibilidade e ao mesmo tempo ter tantos defeitos?
De repente a poesia é uma projeção de tudo o que escondemos do mundo. Somos seres histórico-sociais, assim, nossa vivência coletiva torna-se fator de grande influência em nossas ações.
Temos grandes exemplos ao longo da história onde o mal é combatido com o mal. Em nossa sociedade calar-se perante a ignorância alheia é sinal de humilhação.
Nós revidamos e perdemos o controle pra defender a honra que julgamos estar desaparecendo. Chega um momento que não sabemos mais quem somos de verdade. Sensibilidade ou amargura?
Bem, não pretendo dar soluções nem fórmulas para nada. Calar ou revidar é uma decisão pessoal. Ainda caminho por essa estrada do autocontrole.
Sim, cheia de defeitos, mas cheia de vontade de acertar. Ainda poeta.