Agosto
Agosto, as folhas ainda caem, o tempo fica ainda mais indefinido. Tem um céu maravilhoso, de um azul comparado a maio, que não combina com o agouro de sua sina. Ansiedade para o início da primavera, sim, mas um decreto mudou o nome do mês e deu a ele um dia a mais: imperadores romanos disputavam homenagens na eterna luta de egos entre os homens. Vamos ter que esperar.
Agosto, dia dos pais, ao cemitério as flores da estação: a camélia, flor da fidelidade, fica exuberante então. Casar em agosto traz desgosto, mas é deste mês o beijo no Times Square, eternizado na foto romântica que ainda aquece corações.
Agosto, dia do soldado, Caxias encaixado no ideal humano de fidelidade, dedicação, disciplina. E “o vento do mês de agosto leva as folhas pelo chão”, desorganiza os cabelos e faz voar as roupas no varal. “Só não toca no teu rosto, que está no meu coração”. E na trovinha, que ficou na memória desde a infância.
“Quem em Agosto ara, riquezas prepara.” Aqui no sul, logo as plantas começam a exibir seus brotos tímidos. Logo as pequenas chuvas começam. Logo a primavera desponta.
“Quando entrar setembro e a boa nova andar nos campos, quero ver brotar o perdão onde a gente plantou juntos outra vez.” Sim, eu quero ver. A paciência, se também brotar nesse agosto desgostoso, vai frutificar deliciosas bagas cheias de sumo doce. Depois. Porque a paciência é uma planta exigente: só oferece seus frutos a quem a rega e aduba diariamente.