Jogando Conversa Fora
Eu, a minha caneta e as pautas.
E esta minha vida sem pautas.
Cansada sinto-me...
E gostaria eu de emanar de mim a fé tão tua
Que salta dos teus lindos olhos-luz
E das atitudes tuas de calmarias e cautelas
E contemplo tudo de longe... E abraço-te.
E sabes tu do meu olhar distante
Sobre as tantas coisas das quais não entendo.
O teu olhar pousa-me e sinto-me quase lida.
Acaricia-me o teu olhar às páginas minhas de bolor...
Sem necessitar de que sejas tão preciso.
Deves ser, então, o anjo - encomenda da minha mãezinha...
A tentar tomar conta dos desarrumados todos meus.
Ando meio introspectiva.
É o outono que despede-se e não arrumei quase nada.
Hoje o dia está particularmente bonito.
Coisinhas das paisagens que pinto eu...
E chove. E brinca de esconde-esconde o sol.
Ando eu também "assexuada esconde-esconde".
Mas escolho eu ser sempre feminina e sol.
De fato encontro eu banalidades demais no sexo.
Mas é ainda a mais bela consequência do amor:
Um sol inteiro!
É apenas uma opinião minha de agora.
Mas olha a hora!
Eu estou "jogando conversa fora" demais!
Em letrinhas miudinhas e desorganizadas.
Eu estou deveras desorganizada!
Uma quase criança a dizer verdades e mentiras,
Deitada no nada verdinho que invento eu.
E ando eu fragmentada nos versos meus.
Sem querer nada e querendo tudo dentro do meu nada.
É cíclico. Isso sempre acontece.
E olho a janela e despeço-me do outono.
Mas hoje eu decidi:
Não vai continuar a chover.
Guardo a minha caneta e as pautas.
E continuo a viver os meus dias sem tantas pautas.
Viver... É desviar-se dos tropeços das tantas pautas.
Karla Mello
02 de Agosto de 2012