O amor cria dentro da gente a necessidade da pessoa amada. Como se fosse um vício interrompido que nos asfixia lentamente.
Não adianta tentar mudar a direção do pensamento porque num breve instante ele retorna aquela pessoa que te rouba à existência. É bom carregar alguém dentro da gente, mas o ideal é que esse alguém também nos carregue do lado de dentro. Isso só acontece aos que tem muita sorte. Amar e ser amado são atitudes raras em nosso mundo contemporâneo. Ou as pessoas não acreditam no amor ou já se decepcionaram o suficiente para não mais arriscar. O amor é um risco. Um doce risco. 
A ausência dele nos torna vazios. O trabalho e a realização pessoal ficam insignificantes se não houver com quem dividir as conquistas. Os sonhos ficam mais distantes e menos intensos, pois são sonhados apenas para um. Acordar de manhã torna-se imensamente difícil porque é mais um dia onde passamos sós.
E nessa dinâmica fingimos acreditar nas mentiras que contamos a nós mesmos. Afinal, precisamos pagar as contas e aguentar quem nos aborrece. Mantemos uma postura firme e decidida esquecendo que sentimento requer urgência.
Acho que quero dizer com tudo isso que amar ainda é uma das melhores escolhas mesmo que traga consigo alguma dor. Amar pede da gente um pouco de coragem.
Construir muros é uma maneira ingênua de achar que a vida pode ser vivida sem desgostos.