Espelho, espelho meu!

Você já se olhou no espelho hoje?

Não estou querendo dizer sobre a aparência física em si, mas internamente.

Você já parou pra realmente se olhar? Refletir sobre quem você é sobre o que quer ser talvez?

Eu pergunto não sobre o espelho habitual, aquele objeto que fica nas paredes e armários da casa, mas outro tipo de espelho. Pense bem, aquele personagem mais do que secundário de um livro, o ator coadjuvante de um filme, aquele quadro de um pintor desconhecido, a fotografia vencedora do “Concurso Internacional de Fotografia” e claro, aquele garçom que você conheceu quando foi almoçar com os amigos.

É desse tipo de espelho que eu falo; aquele que faz sua mente revirar em conflitos internos; faz você apontar o dedo pra si e observar os outros lados da moeda; que esfrega na sua cara a verdade que você não quer enxergar.

Já perceberam que esse espelho tem um poder imenso? Ele causa uma reviravolta de sentimentos impossível de se explicar: raiva, angústia, alegria, dor, alívio, exaustão, exaltação, medo, etc.

Esse poder é assustador, na maioria das vezes, se chama reflexão. É a habitual ou muito rara mania de parar de olhar para o que há lá fora e se concentrar aí dentro. Esquecer que o mundo existe, mas lembrar de si mesmo, do ser humano que é, e se não tiver certeza disso, então é o momento de descobrir, de conhecer a si mesmo e a partir disso se renovar.

Bom... Hoje eu me deparei com um espelho como esse, pra ser sincera, me deparei com vários nos últimos dias.

Acontece que eu tento ignora-los e escondê-los em baixo do assoalho, mas não tem jeito, ele parece àquelas abelhas que ficam te perseguindo enquanto você toma Coca-Cola, você pode assopra-la, bater nela, pode até correr, mas se ela não for atrás, tenha certeza: outra irá substitui-la.

No fim das contas dá na mesma, sempre haverá espelhos pra te mostrar a realidade e é impossível viver sem dar-lhe ouvidos, ou seria melhor dizer, os olhos?

Vou confessar um segredo: eu sou apaixonada por espelhos. Vivemos entre tapas e beijos. Há momentos de companheirismo entre nós que são mágicos, e há outros em que ingressamos em uma infindável e completamente insensata briga.

Acredito que todos têm seus espelhos, alguns enxergam, outros não, e ainda há os que se fazem de cegos pra variar, mas fatalmente terão de resolver suas questões, e se querem um conselho, não deixem pra fazer isso em cima da hora.

Não esperem a velhice chegar pra que esses fantasmas (sim, porque depois de tanto tempo só o que sobrará deles é a alma penada zanzando por aí) o (a) persigam pelo que resta de sua vida; ou a hora do fim, em que nada mais pode fazer além de se desmanchar em arrependimentos e até mesmo, quem sabe, tornar-se fantasma de outro alguém.

No momento, eu e o meu amado nos encontramos em um impasse, depois de tantas discussões cansativas sobre o mesmo assunto, e de falarmos todos os argumentos pra resolvê-los, tentamos outro caminho, nos deparamos com uma nova questão. Acontece que ficamos tão boquiabertos que não conseguimos ao menos nos posicionar, nem ele encontrava razões e muito menos eu!

Mas tudo bem, nós estamos tentando superar isso, ele me deu mais confiança, eu lhe dei mais abertura pra me mostrar tudo que precisar, e continuamos juntos nos renovando a cada dia, algo essencial em minha opinião pra que nossa relação não caia na rotina.

Apesar daquela questão ainda não ter sido resolvida, sei que posso conseguir com a ajuda desse grande companheiro.

Aprofundo-me cada vez mais em meu ser, explorando todos os cantos remotos, sem medo de me perder, porque sei que apesar do labirinto ser árduo e sinuoso, apenas dessa forma posso encontrar o meu caminho.