Quanto ao aceite do imperfeito
Há algum tempo - porque sabia de certas coisas imperfeitas - disse ao Homem Que Eu Amava: "O que sinto me dói; preciso de sua ajuda para parar de sentir."
Pessoas aplaudiram: nunca, antes, haviam visto tamanhas lucidez e coragem.
Mas eu - porque sabia de outras coisas não tão plenas assim - poderia ter dito: "O que sinto é belo e forte, e há um pouco disso em você. Proponho."
Agora - porque continuo a saber de muitas coisas que nem se importam em ser perfeitas ou não - entendo minha covardia: por angústia de possível rejeição, dei ao Homem Que Eu Amava a única opção de me rejeitar.
Recebi o que pedi, e, anos depois, o que sinto também me dói.
Não é o caso de voltar no tempo, mas reaprendi que a essência do pretérito imperfeito é seu prolongamento.