Por Onde Andas?
Se vires o meu amor por ai, avisa-o que estou bem. Cortei os pulsos anteontem por não saber escrever o quanto sinto sua falta, o quanto é profundo o penar de alguém que chora a conta-gotas a falta que faz tê-lo por perto. Se vires o meu amor, não te esqueces, quero que volte logo do aboio triste, som da abafada solidão, pra quem ao longe se deitou e insiste em não acordar. Se vires o meu amor, entrega-o esta carta. Dentro dela jaz, de todo o meu peito, o meu amor, a minha felicidade, as minhas lágrimas e o meu sofrer. Em anexo, também, as culpas, os medos, a saudade... Ah, saudade... Essa foi a mais difícil de enviar, pois a própria saudade em si é um grude arisco, uma verruga no peito que nunca sara, dói, esfria, corrói, ponteia. Se vires o meu amor, apressa-te: traze-o aqui para mim e nunca mais o leve de volta. Da próxima vez pode ser que eu não resista, pode ser que eu não resista, que eu não resista...