Fardo e Tristeza

E eu sai de lá assim, como quem não sente o chão sob os pés. Perplexa, perdida, sem rumo. Assustada até, mas ainda assim meio que com anestésico nas veias, percorrendo o corpo inteiro. Único pensamento: fugir. Mas, para onde?

Não tem para onde...

Eu queria acreditar que nada daquilo estava acontecendo, que algúém fazia alguma brincadeira e depois, rir muito e apenas me lembrar do engano, mas infelizmente, não é.

E então eu segui por um caminho qualquer, olhando as ruas, os rostos, os gestos, as cores e movimentos. Observando cada detalhe, meio que tentando fazer parte daquilo tudo, tentando fazer parte dos sons dos carros que passam pelas ruas recém molharas pela chuva. Na realidade eu era. Eu sou. Você é...

Senti o ar quente vir de encontro ao meu rosto, a luz forte do sol por entre as nuvens incomodar meus olhos,

os carros passarem, eu olhar para um lado... para o outro... e enfim, atravessar. Com paciência, sem pressa. Mais cedo ou mais tarde eu chegaria onde precisava. Então, pra que correr?

Cheiguei. Parei. Senti tudo ao meu redor. Respirei...

Um peso, quase que gigantesco sobre os ombros. Respirei fundo e percebi que a cabeça não pensava mais, só sentia... doer. Me imaginei por mais algum tempo assim, e acabei não concebendo mais esse tipo de pensamento.

Cheguei.

Deitei.

Dormi.

Acordei.

Agradeci a Deus por mais um dia e pensei que ele não daria um fardo a alguém que não pudesse carregá-lo.

E de repente, tudo passa. Outros vêm e todo o ciclo se completa, dando início a outro, e outro, e mais um, dois, três...

Porque, o importante mesmo, é ter onde chegar. E eu tenho SIM onde chegar.

inthemoonlight
Enviado por inthemoonlight em 13/02/2007
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