DIA DO ESCRITOR
Ontem, 25 de julho, foi dia do escritor. Confesso que não conhecia essa data. À noite, pude ver, no único canal que deu espaço para eles, uma mesa redonda no programa da Leda Nagle, da TVE, Rio. Ao mesmo tempo em que ouvia as opiniões furadas do escritor Fabrício Carpinejar, filho do Carlos Nejar – a quem já assisti palestrar, pensava o quanto a sociedade é dependente da Literatura e nem percebe. Muitas músicas são inspiradas nela, também obras de artes plásticas, o teatro, o cinema cult e o pipoca, igualmente. Quase a totalidade das séries da Rede Globo, muitas novelas (que é um gênero literário). “Trocentos” posts do facebook são tirados de crônicas (outro gênero literário) e poemas. Grande quantidade de HQ’s e videogames são versões. Uma nação foi formada por Homero (Grécia).
O mais estranho disso tudo é que, embora seja grande a dependência pelo gênio dos escritores, gerando uma receita aos adaptadores de suas obras, na casa de bilhões e bilhões de dólares anuais, não existe um único programa televisivo sequer que trate de Literatura, exceção da TV Cultura, que não abrange os excluídos literários.
Nesses tempos em que até saídos do BBB são artistas (para mim artista é quem pratica alguma das Oito Artes, o que excluiria uma grande quantidade dos que desfilam com esse rótulo), esses seres de carne e osso, longe, muito longe de revistas famintas por celebridades, geralmente desunidos, são consumidos até ao tutano pela indústria do entretenimento, sem ter a devida consideração. Quer biográfica, quer de entendimento das razões de suas estéticas, quer do papel histórico das obras.
Noticia-se até o espirro de figuras inúteis, e gente como Machado de Assis (entre os cem maiores escritores da História, segundo o crítico Harold Bloom), fica reclusa a sonolentas aulas de Literatura e a infindáveis debates doutorais. No futuro, quem sabe, essa distorção seja reparada. Um dia, quem sabe...