Caçador de mim

Se há estradas a percorrer porque elas demoram tanto a chegar aqui?

Me entrego a vontade de não ter vontade e viro a caça de mim mesma.

Corrente quebrada, elo partido, porta aberta ... tudo isso para me fazer entender que não adianta fugir.

Na letra seguinte me denunio, que roupa visto para me esconder?

Cada verso meu diz o que eu não queria dizer, queria só poder guardar, mas minha metade suicida entrega-se docemente ao carrasco que ri.

Devoro com gosto o que me sobra mesmo percebendo que a armadilha está montada, no próximo pedaço ela vai me matar: doce morte anunciada.

Não rascunho no papel, o papel me escreve e a poesia sai de mim aventureira e feliz por me deixar sozinha.

Quantas vezes ainda terei que me absolver para que eu me permitar sentir o que nego tanto?

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 26/07/2012
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