O que fazer com o coração?
Bem, eu não sei o que vocês fazem, ou conseguem fazer com o de vocês, mas vou dizer-lhes o que faço com o meu. O meu coração deixo ao relento, desabrigado, morando fora de meu peito, para que ele nunca tenha medo de se molhar na chuva em dias de tempestade. É verdade, ele já tem lá suas cicatrizes de guerra, das suas muitas entregas nos campos de batalha da vida. Tem muitas feridas já saradas, algumas ainda sarando, e outras que sei, que jamais sararão. Confesso, ele reclama de dores uma vez ou outra, fraqueja sim, pede para se esconder do mundo às vezes, pois já não suporta mais machucados. Mas haveria algum sentido para esse órgão que nos é vital, se não a sua entrega para o amor? Para o outro? Para o mundo? Neste meu coração já não mais de carne, mais de lágrima, riso e poesia, há por trás de cada ferida, longos suspirares, sonhos inesquecíveis, lembranças bonitas, sentimentos inexplicáveis, simplesmente os recortes mais lindos da minha história. Amor é doença e cura. Ele é doença, pois dentre seus sintomas a loucura e a dor sempre estão presentes. Mas ele é a cura; a cura da vida... Mais vale um coração calejado, de tanto ter amado, do que um empoeirado, de nunca ter tentado...