o abstrato sabor do calor
o sabor do calor, talvez eu nem me lembre mais. mas como ver e sentir, como aproximar-se do calor... se o calor parece nao existir e parece não aquecer, ele parece que nem diferença faz.
as pessoas tentam falar de coisas que nao podem ver.
se quer sabem do que falam. e eu queria saber tanto mais.
por que o frio perturba tanto e o desejo de se aquecer invade
tao brusco e involuntário? essa necessidade... deixa ainda mais tudo frio tudo. no olhar, há frio... e frio..nada. nem ao lado. na frente ou atrás.
há muito tempo, crianças com vivacidade corriam,
elas me chamavam para brincar e eu as abraçava, as protegia,
a naturalidade daqueles encontros me faziam ficar emocionado,
aquelas inocentes, buscavam calor tão facilmente. me inspiravam.
nos gélidos jardins cinzas, existia tanta alegria.
tao logo, as crianças cresceram, tudo mudara. hoje, os gélidos jardins cinzentos continuam lá, a mesma praça e o mesmo parque estão lá. cada dia mais cinza e vazio. e eu também, não preciso mais persegui-las e tao pouco abraça-las. eu não possuo mais calor. a diferença, é que eu sei, o sabor que o calor traz...e também sei a falta disso.
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em meu pensamento, vestígios autênticos de viver. quando as pessoas vêem lindos artefatos, elas nao consideram o processo por qual estes passaram. as pessoas não enxergam. elas são tão cegas, artificiais. como suas próprias vidas, em vitrines passageiras a serem exibidas. e qualquer razao é motivo para mostrar algo belo. elas não sabem nada sobre o frio ou o calor. elas já não vivem, elas não sentem mais.