Ar
O ar
que atravessa pelas frestas da janela entre-aberta
que permeia a pequena sala esfumaçada
que preenche cada canto, cada vão, cada espaço
que penetra lenta e profundamente meus alvéolos esfumaçados
que carrega gentilmente alguma poeira esquecida pela memória descuidada
que despeja seu volume sobre volumes postos numa estante qualquer
que percorre a minha face sem se preocupar em ser visto
que escorre pelas minhas mãos ao tentar abraçar-lhe
que discorre sobre a vida toda que se aproxima e se afasta
é contudo
O ar.