As janelas dos meus olhos andam embaçadas,
Já não consigo visualizar o mundo lá fora...
Com as pontas dos dedos esfrego limpando-as, mas apenas alguns parcos círculos deixam a visão sair...
Olho pela nesga e tento enxergar minha história, mas apenas algumas palavras, com letras penduradas, preenchem o campo dos meus olhos, mas não fazem sentido.
Firmo o olhar, tentando fazer com que se juntem prendendo-se uma na outra...
Quisera eu, que os reparos fossem feitos com apenas um toque de olhar, sem precisar expor o corpo todo, a alma toda... Todos os sentimentos.
Imagine visualizar o amor e deixá-lo da cor que nossos olhos pintam ou então adoçá-lo de tal maneira que nunca perdesse o sabor, usando para isso só a meiguice do olhar...
Se errássemos na tonalidade bastaria uma piscadela e tudo já estaria apagado. Se extrapolássemos na doçura, olharíamos calmamente e pingaríamos apenas uma gota de lágrima de alegria e o sabor ficaria perfeito...
Se houvesse desenganos, com algum manuseio de olhar tudo voltaria como antes...
E os beijos?...
Beijaríamos com os olhos sem precisar em outros lábios encostar...
Mas aí perderíamos o sabor do toque, da umidade doce, da combustão que faz explodir a paixão...
Não, não...
Só olhar não seria suficiente para reparar os danos ou se provar de todos os prazeres...
Para que isso aconteça temos mesmo é que por a mão na massa, moldando ou remodelando, construindo ou reconstruindo, inovando...
Temos que usar todos os sentidos além da visão.
Olhar é bom quando se aprecia, quando se contempla...
Quando se visualiza qual o melhor caminho a seguir, mesmo que ele nos engane, Mas sempre observando, porque se não se souber olhar direito, nunca se consegue retornar se errar a direção.
Temos que desobstruir os caminhos, lavar a alma...
Desembaçar as janelas nem que seja com as pontas dos dedos...
Desembaçar os olhos para que possamos ler direito a nossa história...
As palavras que contam um pouco da minha história, consegui remontá-las como se fossem um quebra cabeça. E a frase que se formou era a do título...
Ame, mesmo que dóa, mas ame!