Fulgência Fugaz
Penso, às vezes, que eu mereceria a felicidade arrebatadora de um amor. Chego até a pensar que a tive por alguns instantes, mas a dor dos fatos me mostra logo em seguida que foi apenas a minha cabeça doentia que, mais uma vez, resolveu me consolar criando uma ilusão.
Eu perco todas as armas e me vejo totalmente vulnerável por um momento, como uma virgem nua, pronta e decidida a se entregar ao seu amante... Que por sua vez, sob a intimidadora noite enluarada, sob a insinuosa ansiedade que se deleita e saboreia a ingenuidade do momento, vai embora, a abandona... Vai rASgando, assolando, maltratando demoradamente, destruindo da maneira mais assombrosa os deslumbres da moça.