Julho
Já é julho. Estou um ano mais velho.
Estico uma carreira na espinha torta de uma mulher nua. Encontro uma ponte menor que a carreira, mais torta que a coluna vertebral do tempo. Um ano a mais, um ano a menos.
As auto-felicitações chegaram. É hora de sorrir e saltar de um prédio, e cair na ponte, enquanto a lagarta pálida rasteja dentro de mim. E um copo vazio faz movimentos circulares na mesa, estou em pé apenas pela força instigante das pontas dos dedos. A mulher está em formato de passarela, suas costas de heroína sem capa alguma são a água que borbulha de dois rios separados pelo concreto.
Rios sempre secam e a lagarta agora é apenas poros e pele oriçada de frio.
É julho e tive de sair da janela. Juntar os cacos dos copos e dos corpos dessa festa.