Do amor-próprio
O egoísmo é o adubo do amor-próprio. Não existiria individualismo sem amor-próprio. Quem não possuísse amor-próprio (digo quem realmente não possuísse, e não quem simulasse não possui-lo) seria incapaz de obter qualquer prazer do individualismo. O contrário dessa assertiva me pareceria ilógico. Portanto, amor-próprio. Doentio em grande parte dos casos, mas enfim, próprio. Ou, contrariamente, amor-impróprio... sim, talvez. Seria uma boa definição. Aliás, como toda interpretação para o amor, atualmente. Todas as nossas ações são puro egoísmo, eis aí uma regra inexorável. Alguém que se sacrificasse por outra pessoa somente o faria por alcançar alguma espécie de prazer na idéia desse sacrifício. Quem negaria isso? Basta analisar um pouco sua própria humanidade. Assim, toda nossa adorável fé judaico-cristã está fundamentada numa interpretação visceralmente hipócrita da natureza humana.