Sobre o Perdão
O perdão à distância, sem que seja solicitado pelo ofensor, pode ser interessante para o ofendido, livrando-o de ressentimentos, sendo, portanto uma medida higiênica de autofavorecimento. Ou também pode ser um ato narcisista de soberba, que confere um ar de magnanimidade a quem perdoa e o faz perceber-se um ser nobre e raro. Entretanto, o perdão íntegro não prescinde da reconciliação. Este a todos aproveita, ao ofensor e ao ofendido, a ambos faz crescer na humildade e alegria, no afeto e compaixão, na semelhança a Deus. O ofensor exercita a humildade ao se arrepender e pedir para ser perdoado. O ofendido se comove e o acolhe. É um evento notável, em que sussurros e confissões desabrocham, onde os olhos de um repousam nos olhos do outro, a alteridade floresce e dá frutos regada a lágrimas cristalinas que refratam amor. O perfume da reconciliação sobe aos Céus, e é um bálsamo para a Divina Majestade, que contempla, embevecida, a ternura de seus filhos.