O menino e sua jornada
O menino começa a sua jornada já um pouco cansado, não pela idade ou pelo percurso transposto, mas pela contrariedade de ter que analisar apesar de ser ainda um menino seu passado. Faz um esforço e reativa a memória, dá um balanço na cabeça como o que para espantar a preguiça e continua a sua jornada.
Tempo bom aquele, cidade pequena, ar sem poluição, poluição sonora quase zero, parecia um mar de rosas, como diziam os mais vividos nas portas de suas casas ao entardecer sentados nos bancos de madeira bruta, para cachimbar e espairecer a mente. Mas eis que veio as intemperies da vida e o menino tem que mudar de ares, chega na cidade grande onde o ar parece carregado de um entupidor de nariz invencível, o ronco dos motores rompe seus tímpanos, como se fosse as águas de um dique fugindo da prisão, e a paz... ah! aquela paz, ficou no passado.
E para completar sua frustração o menino defronta com uma geração de jovens inteligente e burra. Calma gente ele explica. Então explica isso aí cara. E o menino explica com aquela calma que lhe é peculiar: Bem, diz o menino, inteligente na internet, porque lá ela sabe tudo, tudo mesmo, mas só procura explorar os sites pornôs, aqueles que não nos leva a lugar algum sabe? É a chamada geração Mega-Bites. Burra na sociedade, onde vive se esquivando quando é chamada a provar o que aprendeu na escola, que diz estar frequentando todos os dias úteis da semana. Mas olhe, eu não a culpo não, pois trata-se de uma geração que está acostumada a fazer provas com uma calculadora na mão ou seus ipod, nunpode, sei lá, essas coisas modernas que deixam qualquer um mais burro do que já é.
Lá no início eu disse que o menino já estava um pouco cansado, pois é, saindo da cidade grande ele vislumbra uma frondosa árvore e tocando sua mula vagarosamente para debaixo da mesma, para, apeia, tira o bornal da cela e dá um tapa na anca da besta para que esta paste um pouco antes de seguir viagem.
Então,abre o bornal e olha, huuuummmm, pão com mortadela outra vez, vá lá, mastiga o sanduba, beberica um pouco da água do cantil e pensa, que porquera, num posso parar.
Reinicia a sua jornada pensando na sua grande mala. Ela está quase cheia, mas quase não é cheia, precisa preencher o canto que ainda está vazio e para isso só cursando uma faculdade. Aí então é que sua jornada talvez chegará a um fim. Ah, ia me esquecendo de dizer a idade do menino, depois de ver seus rebentos criados e encaminhados, conta Ele hoje com sessenta bem vividos. Um grande abraço.