Noite Fria

Sentada na varanda com os olhos vazios

E os soluços rasgam-lhe a laringe.

O coração acelera, a boca seca. Tontura e náusea se misturam ao suor.

A raiva que não tem para onde fugir transforma-se em unhas rasgando a própria pele, se deitando no chão azulejado e frio, na tentativa de proteção e anulação.

Maldito fruto dessa planta dolorosa que se instalara no seu peito. Esboço de uma pintura q supunha a perfeição, cujo fruto: decepção.

Nessa noite em que a dor mostra sua verdadeira face.

Hora essa em que a boca não fala, o silêncio predomina e o veneno que não quer expelir é engolido.

Oh cansativa e torturante turbulência, faz o corpo estremecer.

Enquanto tenta recobrar a consciência, lembrando que uma noite bem dormida, um bom banho, outro dia o sol vai trazer, novas cicatrizes, outros caminhos. Lembrando que viver é seguir em frente, mesmo se fazendo necessário mais um calmante, uma doce prece como cação de ninar para conseguir pegar no sono.