A Aurora da minha vida
Saudades da minha terra...
que súbita ousadia é essa?
Quero dialogar, brincar num leve parafrasear
Os oito anos de Casimiro de Abreu...
Ah que saudades que tenho...
de ouvir o galo cantar
Os cachorros anunciando o voo livre da aurora
e a meninada acordando de pé no chão, dançando sobre o orvalho...
Saudades daquela vida franciscana antes dos meus oito anos
lá no noroeste paranaense onde eu menina peralta, sonhava os primeiros versos de ciranda...
a sombra das bananeiras, embaixo dos laranjais!
Saudades da aurora da minha vida!
Aquela tarde de verão chuvoso
meu uniforme escolar
a camiseta de algodão branco
molhada e transparente... meu corpo de menina moça
os olhares daqueles rapazes
a pasta escolar colada ao peito como um escudo protetor
de repente ainda com a chuva caindo aquele por-de-sol
O Arco Íris...
Tirei os sapatos (congas azuis desbotados)
senti meus pés afundar na lama
soltei a pasta que me acorrentava
corri feliz pela estrada de terra batida em meio aos cafezais
e nunca mais parei aquela carreira...
seguimos eu e o Arco íris vida a fora
brincando de esconde esconde
Hora ele batendo cara ora eu!
Lúcia Martins Peixoto