Preso ou livre arbítrio?
O “livre arbítrio” é um dogma criado para restringir ou cercear a liberdade. É uma forma de repassar ao indivíduo a sua possibilidade de escolha entre fazer ou não fazer algo que lhe seja desfavorável resultando em sua responsabilidade.
Verificado o significante e o significado deste termo, responsabilidade, como já foi visto, que se origina do descumprimento da sponcio (ritual) sobre uma coisa (res), ou seja, do contrato, não se fala em “responsabilidade” de alguém que foi passear, ou salvou a vida de outrem etc. Assim, a responsabilidade, in abstrato, se refere a possibilidade de haver ferimento à norma (contratada em lei, mandamento etc.).
Permitindo o “livre arbítrio” o descumprimento de uma norma, nada mais faz que refletir o que existe, isto é, ser possível descumpri-la, entretanto, dizendo, tacitamente, que essa liberdade vai acabar na responsabilidade de seu praticante.
Liberdade que não existe, pois sequer se vive se a natureza não o permitir, e até o ir e vir é exercido tão-somente porque ninguém interferiu (justa ou injustamente), ou, ainda, porque a natureza, ou a vontade do outro, deixou que acontecesse - nem os pássaros voam livremente se houver tempestade -, a vida, a convivência, está atrelada a conceitos e preconceitos (culturais) sobre os quais todos se encontram - literalmente ¬¬- presos.
Enfim, essa falta de liberdade mostra que todos têm e devem ter limites, prestigiando o “preso arbítrio”.
Rodolfo Thompson – 01/7/2012.