Não sou livre.
Nem quero ser! Estou emprisionado à minha própria vida, ao meu corpo, aos meus pensamentos, as meus amores, aos meus filhos, e mais uma miríade de situações e condições e circunstâncias sobre as quais não posso e não quero me libertar.
Qual o “problema” em não ser livre se, por exemplo, a inexistência da liberdade do outro em me causar mal (ou dano) deve ser mantida?
Sobre que espécie de “liberdade” se cogita, quando sou educado (condicionado) para não ter a liberdade de causar a dor-sofrimento em mim mesmo e no próximo?
Sou normal? Sim, até o momento em que descumpro uma norma! E o que é uma Norma que não hipótese (possibilidade de acontecimento) de conduta (fazer, não fazer) estabelecida para que não haja a liberdade de se fazer ou não fazer não importa o que, a não ser em função do seu mandamento – ou comando?
Eu tenho, é certo, algumas liberdades! Entretanto, mesmo essas não são plenas, pois podem ser cerceadas por minhas próprias naturais limitações (mentais, físicas, financeiras etc.)...
Sou livre para cumprir não cumprir normas? Sim! Mas aí já ingresso no plano do não normal, ou anormalidade – evidente que a norma pode ser injusta e ser descumprida...
Não falo de circunstâncias em que se busca e pode-se conseguir a liberdade, como estar na prisão, resolver e eliminar problemas etc.
Incluindo a minha liberdade de estar vivo (sob a condição de que algo não me aconteça), até a liberdade no meu “ir e vir” está limitada às leis da natureza, ou até que alguém me impeça de exercê-la (justa ou injustamente).
Enfim, a liberdade traz em si mesma o conceito de aprisionamento... o resto é ilusão.
Rodolfo Thompson – 01/7/2012.
P s . O “livre arbítrio” é um dogma estabelecido para restringir ou cercear a liberdade.