Meu caderno
Hoje estava pensando naquela música do Toquinho chamada “O Caderno”, onde o caderno se comunica com a menina, digo menina, pois em algum trecho ele faz referência aos “primeiros raios de mulher”. Eu sempre tive uma relação muito particular com os meus, alguns anos de análise modificaram bastante essa relação, mas têm coisas que não mudam... Nunca.
Num mesmo caderno, costumo ter dois cadernos um que vem na parte da frente, todo organizadinho com resumos de textos, artigos, frases... Sempre que preciso de uma definição o consulto, muitas vezes penso que se tivesse tudo digitalizado era só apertar a tecla “localizar” e eu encontraria, mas como substituir a escolha da caneta, as cores, o folhear teimoso e por vezes tão aflito, por uma tela tão obediente? Por um Word que me diz tudo que estou escrevendo errado, ou quase tudo. Na parte de trás tenho um outro caderno que em nada se assemelha ao da frente, todo desorganizado com frases, pensamentos, sonhos e até delírios que surgem nas horas mais impróprias. Não fosse o meu bom e velho caderninho, nunca mais me lembraria deles... Coisas que anoto: livros que pretendo ler, uma música que quero ouvir, um artigo que quero escrever, uma pergunta que devo fazer, alguém para quem vou ligar, uma dor, uma alegria... Enfim, coisas tão minhas e tão íntimas que fazem do meu caderno um “infinito particular”. Nessa era de iPad, sempre me pergunto: por que tudo tem que ser tão rápido? Tão publicado? As idéias precisam de tempo, os sonhos precisam de tempo... E eu? Eu preciso do meu caderno. Sempre.