COMO VOCÊ RESUMIRIA SUA VIDA?
Caso você fosse obrigado a produzir um sucinto resumo de sua própria vida, como faria? Tomaria como ponto de partida o momento presente ou as desbotadas e parciais lembranças de infância? Simplesmente alencaria os fatos decisivos de sua trajetória pessoal ou mergulharia no abstrato lodaçal de auto definições e questões intimas buscando estabelecer como chegou até aqui?
Propor-se um breve resumo da própria existência, entre outras coisas, nos faz confrontar o abstrato e virtual da vida cotidiana, suas incertezas e limites que remetem a uma falta de significado ou desfuncionalidade estrutural para o simples acontecer do individuo que, em sua singularidade, luta inutilmente para ser mais do que um simples fragmento da espécie humana.
Isso, evidentemente, só é verdadeiro quando somos suficientemente abertos a especulações ontológicas e não nos escondemos de nossas incertezas sob a máscara de alguma arbitrária convicção socialmente estabelecida destinada a coletivamente apaziguar consciências.
Da minha parte, digo apenas que qualquer resumo possível da minha existência seria fatalmente imperfeito, incompleto e parcial, incapaz de dar conta de qualquer propósito.
A existência é para mim a perenidade do mero momento vivido... Nada mais.