Palavras ao vento

Suas palavras são folhas secas ao vento

Árvore que balança em uma dança sem nexo

Desvairada, recua diante da torrente

Expele em frívolos falsetes

Suas folhas envenenadas,

Palavras tórridas, febris, causticantes

Nos fazem tão mal

Que estamos assentados ao pé de tuas raízes

Machados em punho

Levantamos acampamento

Enquanto a vida ajuda a dissipar tuas folhas

Não perderemos até que tudo venha abaixo

Tu sabes

Mais do que o próprio eu

Que pertences ao ilusório, ao ludibrioso, ao pernicioso

Mas a dádiva da plena consciência

A ti não foi permitida

Vais caminhando, ao longo da destruição

Posto que és fera e se apresenta como cordeiro

Enquanto as palavras vão se acumulando pelo caminho

Rastro infame que deixas para trás

Golpes de machado estilhaçam suas partes

Incessantes, não somos nós a determinação

A vida é teu próprio juiz, carcereiro e executor

Lavas tuas mãos?

Assim, destrói onde alcanças

Sangue inocente em ti acumula

Com palavras que cegam e cortam

Lacerando a carne dia e noite

Mais golpes de machado

Não mais presenciaremos tua morte

Mortes, todas as quais causastes ao alheio

Agora longe, não precisamos ouvir tua queda...